No mês passado
publicamos o primeiro post da nossa série sobre preços,
falando sobre analisar o valor do seu produto. Os comentários viraram um debate
sobre ética no artesanato, cópias, originalidade, formação de preço. Ufa!
Trata-se de um assunto quente e nós estamos longe de ter a palavra final, mas
acreditamos que trocar informações com vocês pode esclarecer um pouco mais os
nossos artesãos sobre a importância que o preço exerce em
seus produtos.
No post
anterior falamos sobre o primeiro passo que
devemos fazer antes de começar a pensar em precificar nossos produtos: buscar a
qualidade e a originalidade em tudo o que fazemos. Em poucas palavras, se o seu produto é bom e original você já tem o essencial
para começar um negócio criativo de sucesso. O segundo passo é pensar nos
custos e despesas do seu negócio criativo.
Olhe para uma de
suas criações e antes de pensar em quanto cobrará dos seus clientes, faça a si
mesmo(a) essa pergunta: quanto custa produzir esta
peça?
Não pensar em todos os custos básicos dos
produtos é o erro número um de muitos artesãos quando vão precificar. O valor
final do produto vai depender da soma de diversos custos e despesas, como:
matéria-prima, mão de obra, impostos, porcentagem sobre a venda, contas básicas
(luz, internet, água, gás, telefone, aluguel), imprevistos, material de
escritório, embalagens e por aí vai.
Definir o custo de
um produto é relativamente fácil, mas requer de muita atenção. Vamos começar?
Vamos entender o que significam os conceitos mais básicos que envolvem a
formulação de qualquer preço: custos fixos, custos
variáveis e lucro.
Custos fixos
São todos aqueles custos que, independente de realizar ou não suas vendas, terão que ser pagos. São eles: aluguel, água, telefone, internet, gás, contador, impostos, seguro, sua conta PRO no Elo7, registro de domínio, entre outros.
São todos aqueles custos que, independente de realizar ou não suas vendas, terão que ser pagos. São eles: aluguel, água, telefone, internet, gás, contador, impostos, seguro, sua conta PRO no Elo7, registro de domínio, entre outros.
Custos variáveis
Todos os custos que variam de acordo com o volume de venda ou produção. Simplificando, são aqueles custos que irão aumentar ou diminuir se você aumentar ou diminuir suas vendas. Matéria-prima, embalagens, taxas sobre as vendas como PagSeguro ou comissão para vendedores, bazares e lojas físicas, gastos com propaganda, combustível ou transporte e muito mais.
Todos os custos que variam de acordo com o volume de venda ou produção. Simplificando, são aqueles custos que irão aumentar ou diminuir se você aumentar ou diminuir suas vendas. Matéria-prima, embalagens, taxas sobre as vendas como PagSeguro ou comissão para vendedores, bazares e lojas físicas, gastos com propaganda, combustível ou transporte e muito mais.
Lucro
É tudo que excede da sua receita retirando-se os custos. Simplificando, é aquela quantia ”livre” que você receberá a cada produto vendido. O lucro é a razão de ser de qualquer negócio, seja ele grande, médio ou pequeno, como no caso dos artesãos. É com esse dinheiro que você poderá reinvestir no seu negócio, ter rentabilidade e perspectiva de crescimento.
É tudo que excede da sua receita retirando-se os custos. Simplificando, é aquela quantia ”livre” que você receberá a cada produto vendido. O lucro é a razão de ser de qualquer negócio, seja ele grande, médio ou pequeno, como no caso dos artesãos. É com esse dinheiro que você poderá reinvestir no seu negócio, ter rentabilidade e perspectiva de crescimento.
Os conceitos são fáceis, né? Agora para saber aplicá-los na
prática, pedimos ajuda a Júlia, uma artesã fictícia, super dedicada que também
está aprendendo a calcular seus custos para precificar seus produtos. Essa é sua
história:
Júlia vende broches de feltro
bordados à mão. Ela trabalha durante o dia como designer em uma agência de
publicidade. Durante a semana ela dedica 3h por dia de trabalho ao seu negócio
criativo, mais 6h aos sábados, totalizando 84h mensais. Sua loja se chama
“Broches da Júlia” e fica em uma mesa no canto da
sala junto com seus suprimentos, ferramentas, luminária, máquina fotográfica e
notebook. Esta é a estrutura do negócio criativo de
Júlia.
Quando está trabalhando, além dos
materiais necessários para fazer as peças ela utiliza energia e internet para
responder às clientes por e-mail e divulgar seus produtos em seu blog. O
telefone também é utilizado, mas não muito. Uma vez ao mês ela
vai de táxi ao centro comercial comprar feltro, linhas, botões e novas agulhas,
contas, cola para tecido, presilhas e pesquisa novos materiais para trabalhar,
gastando R$40 nesse percurso. Estes são os dados
básicos que Julia usa para calcular os custos fixos.
Na ida ao centro comercial ela
também compra embalagens, tags, sacolas, etiquetas, caixas e investe até R$50
para a compra de novos materiais. Assim ela economiza, pois sabe que comprar
matéria-prima “picado” gera gastos maiores. Estes são seus
custos variáveis, pois dependendo da quantidade de encomendas ela
compra mais ou menos materiais, e os preços variam de acordo com o
mercado.
Ela posta seus produtos na hora do
almoço em uma agência dos correios próxima do seu trabalho, assim não tem mais
gastos com transporte. Ela já registrou seu pequeno negócio pelo MEI, assim paga
apenas uma taxa fixa de impostos e tem todas as vantagens de estar com um
negócio regularizado. Estes custos também são
calculados.
Para calcular seus custos e despesas fixos ela fez a seguinte
planilha:
Os dados são todos fictícios (assim como a Júlia), mas
baseados nos valores atuais de mercado. Veja abaixo os detalhes de como chegamos
a alguns dos valores na tabela acima, para que você possa montar a sua:
Registro de domínio e loja PRO do Elo7: para ter o
endereço personalizado na internet (ex: www.brochesdajulia.com.br), Júlia paga
uma taxa anual de R$ 30 e a conta PRO custa apenas R$ 29,90 por ano. Para ter o
custo mensal dividimos estas taxas por 12.
Impostos (MEI) e taxas bancárias: se você paga impostos,
contador, ou qualquer outra taxa para ter o seu negócio criativo, tudo isso deve
ser computado. Se você tem uma conta exclusiva para seu negócio criativo coloque
o valor total, caso não seja coloque o valor proporcional ao seu uso para os
seus produtos
Internet, Luz, Celular e Aluguel: um dos principais erros
de quem trabalha em casa é misturar as contas pessoais com as profissionais.
Divida as contas mensais pelo número de horas existentes no mês (720). Assim,
você descobre o valor/hora de cada conta. Multiplique o valor encontrado pelo
número de horas que você efetivamente está trabalhando (no caso, Júlia trabalha
em casa apenas 84h mensais). Atenção: esta é uma forma simplificada de
encontrar o valor real destes gastos. Você pode calcular estes valores mais
detalhadamente, principalmente se você trabalha o tempo inteiro em casa. Se este
for o seu caso, calcule apenas a estrutura que utiliza (ex: o consumo elétrico
dos seus aparelhos) para não acabar tendo um custo fixo maior do que o real e
acabar comprometendo no valor dos seus produtos. Afinal, aquele banho quente e
demorado do marido e o ferro que passa a roupas de toda a família não entram
nas contas do seu negócio, não é mesmo? ;)
Seu salário: Pesquise quanto ganha alguém na sua
profissão principal (vai depender da técnica que você utiliza) ou utilize tabelas de piso salarial disponíveis na
internet como referência. Faça a seguinte pergunta: o que você deseja obter
com o seu negócio criativo? Uma renda extra para auxiliar em casa? Dinheiro para
cobrir seus custos com estudos? Ou a sua fonte principal de renda?
Dependendo da sua resposta, estipule (isso mesmo, defina você
mesma!) um valor que acha justo (e real) para ser o seu salário.
Divida esse valor pelo número das horas de trabalho que você
dedica ao seu negócio criativo. No caso de Júlia, como os broches são apenas uma
renda extra, ela estipulou que apenas um salário mínimo por mês como salário
satisfaz as suas expectativas (este valor pode mudar de acordo com a sua
necessidade).
Atualmente o salário mínimo é R$ 622,00. Dividindo esse valor
pelas 84 horas de trabalho mensais que ela dedica ao seu negócio criativo, temos
o valor de R$7,41/hora. Este é o valor da hora de trabalho dela (é legal saber
de cabeça o valor/hora do seu salário para poder reavaliar este valor sempre que
se dedicar mais horas do que o estipulado e quem sabe fazer reajustes de
acordo).
Depreciação: é um nome complicado para algo muito
simples. Quando usamos nossas máquinas e ferramentas para produzir peças elas
sofrem um desgaste natural.
Com o tempo, o uso constante resulta na
quebra, e temos duas opções se isso acontece com algo que necessitamos para
trabalhar: manutenção ou compra de um aparelho novo. Sugerimos que você calcule
a taxa de depreciação dos seus produtos e inclua esse valor mensalmente em uma
poupança para poder realizar a manutenção ou compra caso isso aconteça. Imagine
que a sua máquina de costura quebra bem no mês em que você teve poucas vendas. O
que poderia ser um desastre financeiro pode ser somente um contratempo se você
se prevenir. Pense nisso! ;) Para calcular, pegue as suas principais ferramentas
de trabalho e aplique a fórmula:
depreciação = valor de mercado – valor residual
vida útil
vida útil
Máquinas pesadas
– 10 anos
Máquinas Leves – 5 anos
Veículos – 5 anos
Móveis e utensílios – 5 anos
Microcomputadores e eletrônicos – 5 anos
Máquinas Leves – 5 anos
Veículos – 5 anos
Móveis e utensílios – 5 anos
Microcomputadores e eletrônicos – 5 anos
valor de mercado
= valor de mercado da ferramenta/máquina
valor residual = valor que você conseguirá vender as suas máquinas ou ferramentas usadas ou quando estiverem obsoletas
vida útil = vida útil estimada das suas máquinas ou ferramentas (em anos)
valor residual = valor que você conseguirá vender as suas máquinas ou ferramentas usadas ou quando estiverem obsoletas
vida útil = vida útil estimada das suas máquinas ou ferramentas (em anos)
De móveis e utensílios, Júlia utiliza: duas tesouras, uma
mesa, uma cadeira e uma luminária. De eletrônicos: um notebook e uma máquina
fotográfica.
O valor de
mercado destes móveis e utensílios somados dá: R$100 + R$500 + R$200 + R$150 =
R$950. O residual total: R$ 475. A vida útil: 5 anos.
Aplicando a fórmula, a depreciação anual é de R$ 95. Dividindo por 12 meses dá R$ 8
Aplicando a fórmula, a depreciação anual é de R$ 95. Dividindo por 12 meses dá R$ 8
O valor de
mercado dos microcoputadores (eletrônicos) somados dá: R$2.500 + R$800 =
R$3.300. O residual total: R$ 1.650. A vida útil: 5 anos.
Aplicando a fórmula, a depreciação anual é de: R$ 330. Dividindo por 12 meses dá R$ 27,50
Aplicando a fórmula, a depreciação anual é de: R$ 330. Dividindo por 12 meses dá R$ 27,50
Material de escritório: estes irão variar de negócio para
negócio, mas são todos os materiais que são básicos para a empresa poder
realizar atividades como papel, canetas, lápis, cartucho de tinta, etc. No caso
de Júlia, além destes utensílios ela inclui alfinetes e agulhas pois seguem esse
princípio.
Papel, caneta,
calculadora ou um computador em mãos? Liste os seus custos
fixos, tire suas dúvidas nos comentários e aguarde o próximo post onde iremos
explorar os custos variáveis e o lucro de Júlia. Boas contas!
OBS: Para calcular os custos dos produtos existem muitas
maneiras e estamos longe de sermos referência no assunto. Estas instruções têm o
intuito de auxiliar quem está começando a se aventurar nesse universo de maneira
didática e direcionada aos artesãos. Para quem já é craque ou quer se aprofundar
mais, sugerimos uma visita ao SEBRAE mais próximo ;)
Impressionante este post... Parabéns!
ResponderExcluirEsse post foi retirado do Blog do Elo7, o conteúdo do post é bastante elucidativo!
ExcluirSuper beijo,