26 de dezembro de 2012

Volta ao mundo: com passagem RTW, é possível parar em até 15 países em um único sentido

Modalidade permite uma viagem com duração máxima de um ano atravessando uma vez os oceanos Atlântico e Pacífico com preço fechado e datas em aberto

Lívia Cabral
Se você sonha em reservar um período para fazer uma longa viagem temática, numa rota personalizada, na verdade, você pode até dar a volta ao mundo.
Sim, literalmente. Viajar em torno do globo terrestre não significa parar em todos os 191 países listados pela  Organização das Nações Unidas (ONU), mas sim elaborar um roteiro com direito ao máximo de 15 paradas seguindo um sentido único (Oriente ou Ocidente) e voltar ao seu ponto de partida. 
“Já imaginei um roteiro de volta ao mundo espiritual para mim. Mas há muitas possibilidades: algo mais descolado, mais aventureiro, gastronômico e até exótico”, revela Melissa Favaron, gerente da agência TAM Viagens do Salvador Shopping. Ela explica que isso é possível graças a um tipo de bilhete aéreo chamado RTW, sigla para Round The World, ou volta ao mundo, traduzido do inglês.
A modalidade permite uma viagem com duração máxima de um ano atravessando uma vez os oceanos Atlântico e Pacífico com preço fechado e datas em aberto. Os voos geralmente são operados por grupos de companhias aéreas de diferentes países que formam alianças como a Star Alliance, Oneworld e a Skyteam. A primeira tem o maior número de empresas participantes - incluindo a TAM - e consequentemente é a mais procurada para esse tipo de viagem.

Simulação
Melissa simulou uma rota que qualificou como “uma viagem chique”. Nela, o viajante sai de São Paulo e faz paradas em Paris, Frankfurt, Nova Deli, Bangcoc, Singapura, Tóquio, Nova York  e Cidade do México, antes de voltar para o ponto de partida. Sem muitas subidas e descidas, esse roteiro se encaixa na primeira categoria de passagens RTW, com até 29 mil milhas e seu custo é fixo: US$ 4.205.

Antes da emissão do bilhete aéreo, é obrigatório decidir o itinerário, mas as datas podem ser alteradas durante o percurso sem qualquer necessidade de pagar taxas extras por isso. Programar-se também é importante para que você providencie vistos de turista e vacinas, necessários para brasileiros em alguns países.
A hospedagem não está incluída no pacote, mas o local escolhido vai depender do perfil do viajante e do roteiro. “Ficar em albergues é uma boa opção para quem viaja sozinho e gosta de conhecer pessoas de diferentes culturas”, opina a gerente da TAM Viagens.

Motivo nobre
Ruanda, 1994. A situação dos refugiados do país africano em guerra motivou o advogado belga Didier Claessens a viver uma experiência humanitária na Cruz Vermelha. Naquele ano, ele presenciou o triste episódio conhecido historicamente como Genocídio de Ruanda, que marcou aquele povo após milhares de assassinatos na região. Em 1995, aos 28 anos, Didier decidiu, voluntariamente, ajudar crianças que viviam nas ruas das Filipinas, país formado por ilhas no Sudeste da Ásia.

“Numa agência de turismo de Londres, descobri que uma passagem de ida e volta da Bélgica para as Filipinas não custava muito mais do que um bilhete para dar a volta ao mundo”, conta o advogado, ao justificar por que encarou o desafio de fazer uma viagem pelo globo que durou exatamente um ano e rendeu lembranças para uma vida inteira.

Foi Arraial D´Ajuda, em Porto Seguro, que fez  Didier Claessens se encantar pela Bahia

Depois de uma primeira parada na Tailândia, o jovem belga passou três meses dedicado às crianças no arquipélago asiático das Filipinas. Ainda na Ásia, visitou a Indonésia e então seguiu para a Oceania. Na Austrália, precisou reabastecer as finanças e trabalhou com remuneração por 3 meses. “Tinha programado uma viagem de 6 meses, mas o encanto de cada lugar me fez mudar as datas de saída dos países. Tudo isso mudou. Na Indonésia, por exemplo, eu quis ficar mais um mês, por isso tive que trabalhar em Sydney para reabastecer o caixa”, lembra o viajante. De lá, seguiu para a Nova Zelândia. “São duas ilhas: Norte e Sul. E nelas têm-se quase todas as condições naturais que existem no mundo.
De um lado, você vê praias e áreas vulcânicas. Do outro, tem lagoas e montanhas cobertas de neve. É um contraste fantástico”, descreve.

América do Sul  Seguindo o rumo da viagem, Didier foi para Buenos Aires, na Argentina. De lá, deveria ir para São Paulo, onde retornaria para Londres. Mas, como a passagem valia um ano, resolveu aventurar-se fora do itinerário e ainda visitou o Peru e a Bolívia, onde pegou o famoso Trem da Morte e conseguiu chegar até Cuiabá, capital do Mato Grosso.
Por aqui, viajou de ônibus e mesmo de carona até chegar à Bahia.  “Conheci um pouco do Sul, passei por Foz do Iguaçu, no Paraná, visitei Campo Grande e Bonito, no Mato Grosso do Sul. Mas meu objetivo era chegar à Bahia, lugar que eu sempre ouvi falar muito bem”, conta o viajante, que se encantou mesmo por Arraial D’Ajuda, em Porto Seguro. “A receptividade e a alegria do povo baiano têm outro astral”, justifica, sobre a identificação com a terra. Didier concluiu sua volta ao mundo e retornou para a Bélgica, mas nunca esqueceu o Brasil. “Na segunda vez que vim, dois anos depois, conheci Salvador e Fortaleza”. Ele ainda passou quase 10 anos dedicando as férias a passeios por aqui até decidir vir de uma vez para a Bahia, em 2003. Hoje, aos 45 anos, trabalha como representante comercial e está realizado. “Cheguei sem conhecer ninguém, com duas malas, para começar uma vida nova e realizar um sonho”, revela, em bom português.

Nas Filipinas, Didier (sentado, de vermelho) realizou trabalho voluntário com crianças de rua

REGRAS DO RTW
- Sentido obrigatório 

Os voos do bilhete RTW (Round The World) devem seguir numa direção contínua no globo  e incluir uma travessia do oceano Pacífico e uma do Atlântico e a viagem deve terminar no país de origem.
Validade  O tempo mínimo de duração da viagem deve ser de 10 dias; e o máximo, de um ano.

- Paradas 

O passageiro tem direito a voar até 16 trechos, incluindo o ponto de retorno, ou seja, dá para fazer 15 paradas em cidades diferentes pelo mundo. O mínimo são 3 paradas.
- Alterações 

Após a emissão do bilhete, é possível mudar as datas dos voos sem pagar multa. Mas, para mudar o roteiro, paga-se uma multa de US$ 125 e diferença de categoria (29, 34 ou 39 mil milhas), se houver.
Bagagem  O viajante de volta ao mundo na classe econômica pode despachar 2 volumes de bagagem com até 23 quilos cada.

- Permanência 
O tempo máximo de permanência nos países permitido a um turista é de 3 meses.

- Outros rumos 

O viajante pode sair da rota do bilhete RTW utilizando outros meios de transporte, como trens, carros, ônibus. Também pode comprar passagens aéreas avulsas. Depois, no entanto, deve retomar o sentido obrigatório e concluir a viagem no tempo máximo de um ano.

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