16 de outubro de 2011

Saindo do armário

Fui ver O closet, comédia francesa com Daniel Auteuil e Gérard Depardieu, que conta a história de um homem que, prestes a perder o emprego de contador numa fábrica de camisinhas, espalha que é gay, assim o chefe o manterá no cargo para evitar protesto de sua clientela mais cativa.
Particularmente, acho a linguagem do filme meio bobalhona e os personagens caricatos, mas não faz pensar. O personagem principal é um cara desinteressante e submisso. A mulher o abandonou, o filho não lhe dá a mínima e a vida resume-se a cumprir seu trabalhinho burocrático de segunda a sexta. Um homem sem opinião. Sem posição. Um zé-ninguém.
Quando descobre que vai ser demitido, pensa até em suicídio, pois não lhe restará mais motivo para levantar da cama de manhã. Até que um vizinho lhe dá a ideia de "sair do armário" (um armário que na verdade ele nunca entrou) e ameaçar fazer barulho nos jornais se for cortado da empresa. Num dos diálogos mais interessantes do filme, ele comenta com vizinho que não saberá imitar um gay, no que o vizinho responde que não precisa mudar nada no seu comportamento o olhar dos outros em relação a ele é mudará. Chegamos ao ponto.
Uma vez o boato espalhado entre os colegas, tudo ao redor do personagem transforma-se, menos o próprio. As pessoas passam a ter opinião sobre ele, o mundo movimenta-se, sai do lugar. Ele começa a existir.
Muitas pessoas sonham em ser invisíveis para poder observar os outros e saber o que eles diriam se não percebessem sua presença. eu sei o que eles diriam: nada. Os invisíveis não interessam. Há muitos invisíveis entre nós: são aqueles que adotam uma postura neutra, um comportamento padrão, não defendem sua ideias nem seus direitos.
A neutralidade cria uma ilusão de ótica: desaparecemos aos olhos dos outros. Para reaparecer, uns se cobre de ouro ou procuram sair na capa de uma revista, mas não carece tanto de espalhafato. Basta assumir suas preferências, batalhar por um projeto de vida, ir contra maré se for preciso, ter nome e sobrenome registrados em cartório e defendê-los de qualquer humilhação, não ser um parasita e sim uma pessoa que faz diferença. Todos nós temos que sair do armário um dia e dizer "eu sou", não importa o quê.
Martha Medeiros.

Muito prazer, meu nome é Yoná Valentim e sou arteira do chiquitabacana atelier.♥
arteira = aquela que apronta arte!

5 comentários:

  1. Amei Martha! Até então eu tinha raiva de ser rotulada de encrenqueira e outros adjetivos pejorativos por ser inconformista, questionadora e defender meus pontos de vista, mas agora entendi: melhor sofrer isso do que ser invisível. O engraçado é que seu texto se soma a alguns outros que tenho tido acesso ultimamente sempre apontando numa mesma direção:que eu seja feliz da maneira que sou, mesmo que outros se incomodem com isso. Obrigada. Bjs

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  2. "Cada um sabe a dor e a delícia de SER O QUE É!"

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  3. Oi Yoná,
    Nessa semana fui ver O planeta dos macacos, com uma expectativa tão alta, que acabei me decepcionando....achei bobalhão tambem.
    Bom...eu ja durmo facil em cinema, e, quando o filme ainda é chato...zzzzzzzzz
    Bjus
    Paula Kasas
    Moda em Casa e Construção

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  4. Olá Yoná

    Adorei encontrar vc aqui na blogolândia. Sou Kinha do blog AMIGA DA MODA e vim conhecer seu espaço. Gostei e já estou te seguindo. Vou aguardar a sua visita e ficarei feliz se me seguir também.

    Bjooooooooooooo......................
    www.amigadamoda1.com

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  5. Yoná,
    Este texto da Marta sugere uma boa reflexão, mas sem a pretensão de chegar a algum lugar imediatamente, pois há de se ter estomago forte e outros órgãos também, bem fortes, para conseguir agir assim...Gostei do seu blog e estou seguindo. Parabéns pelos posts!

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